quarta-feira, 24 de setembro de 2014

DESFLORESTAÇÃO E DEFAUNAÇÃO


Segundo o relatório da FAO de 2010, entre os anos de 2000 e 2010, cerca de 13 milhões de hectares, uma área do tamanho da Costa Rica, foram desflorestados anualmente. Setenta por cento foi convertida para a agricultura, levando a uma inevitável perda da diversidade faunística. Além do desmatamento, a caça e a invasão de espécies exóticas continuam contribuindo para o desaparecimento dos animais ou para a diminuição das populações.
Apenas na Amazônia, 60 milhões de animais são caçados anualmente. O ser humano já vem colaborando para a defaunação desde a época do Pleistoceno, há doze mil anos atrás, quando viviam mamutes, preguiças gigantes, tigres-dente-de-sabre e gliptodontes (tatus gigantes). Uma das teorias mais aceitas é que nós causamos a extinção desta megafauna devido à competição por alimentos e caça, em conjunto com as mudanças climáticas naturais que aconteceram naquela época.
Não por acaso estaria ocorrendo agora uma nova extinção em massa, a sexta, e pelos mesmos motivos, com a diferença de também sermos responsáveis pelas mudanças climáticas, justamente na era chamada Antropoceno. Nos últimos 500 anos, 322 espécies de vertebrados foram extintas e pelo menos 10 mil espécies continuam a desaparecer anualmente. Antes dos humanos a taxa de extinção era de uma espécie a cada 10 milhões anuais, agora são 100 a cada mil por ano, ou seja, um aumento de mil vezes.
Se esse ritmo persistir, em 100 anos metade do número de espécies conhecidas desaparecerá e isso mudará completamente a dinâmica dos ecossistemas. O principal processo afetado é a dispersão de sementes realizada pelos animais, que faz com que a diversidade vegetal fique concentrada em poucas espécies, diminuindo a área verde. Essa situação acaba causando a degradação dos solos e o assoreamento de rios, atingindo então a todos nós.
As florestas também agem nos ciclos das chuvas e o seu desaparecimento pode levar a períodos de estiagem, sem contar com toda a biomassa lançada na atmosfera na forma de carbono que acaba impactando diretamente no clima planetário, levando às mudanças climáticas. E ainda há os serviços ambientais: 75% da produção agrícola do mundo são polinizadas por insetos; morcegos e aves controlam pragas da agricultura; predadores controlam roedores com potencial de disseminação de doenças; vertebrados e invertebrados têm importante papel na ciclagem de nutrientes e também na decomposição; e finalmente os anfíbios controlam a população de algas e de detritos na água. Os EUA calculam em 45 bilhões de dólares anuais os serviços ambientais prestados por predadores no combate de pragas da agricultura naquele país.
Mas da mesma maneira que destruímos, podemos reconstruir. Existem vários casos de sucesso na reintrodução de espécies, como o do mico-leão-dourado, um importante dispersor de sementes da Mata Atlântica, ou do condor californiano, um importante decompositor. Com o desenvolvimento de técnicas modernas de reprodução assistida pela medicina veterinária, ainda podemos conservar em nitrogênio líquido, por centenas de anos, o material genético, embriões e gametas de espécies ameaçadas para usarmos mais tarde para clonar espécies desaparecidas (desextinção) ou em inseminações artificiais. Já a tecnologia de aparelhos celulares de biólogos ajuda na localização de populações ameaçadas e na sua preservação.

O mais indicado e menos custoso, porém, é conservar os animais em seu próprio habitat, pois se não existissem áreas protegidas no planeta, o número de perdas estaria 20% maior. E o Brasil, líder mundial de biodiversidade, tem um papel chave nisso, pois sustentabilidade não se faz plantando pasto na Amazônia ou eucaliptos no Pampa.


Figura 1. Área com as maiores taxas de defaunação do planeta. Fonte: Revista Science



Eduardo Antunes Dias é Médico Veterinário com mestrado e doutorado em Reprodução Animal na USP e atualmente é pesquisador na UFRGS.
É fundador da Rede Sustentabilidade – RS e componente do diretório estadual

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Rede Sustentabilidade RS em Luto pela morte de Eduardo Campos

  

A Rede Sustentabilidade do Rio Grande do Sul se une ao Brasil em externar o pesar pela morte de seu candidato a presidente Eduardo Campos. Nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos deste grande homem !

Rede RS 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Marina Silva motiva campanha dos candidatos da Rede Sustentabilidade no RS

A presença de Marina Silva no RS além de reforçar o nome de Eduardo Campos para presidente também é um motivador para candidatos da Rede Sustentabilidade RS que mesmo em condições adversas  revitalizam as energias para as eleições gerais de 2014.

Clóvis Oliveira

Gisele Uequed

Jayro Dornelles

Siana Spindler

Vinícius Passarela

Candidatos da Rede Sustentabilidade  do Rio Grande do Sul

Deputado Federal

Carlos Eduardo P. Sander "Preto" (PSB)
Clóvis Oliveira (PSB)
Daniel Duarte (PSB)
Jayro Gabriel Dornelles (PSB)
Jerônimo Dilamar da Silva (PSB)
Marco Antônio dos Santos  “ Mikonga "(PSB)
Nair Chaves (PSB)
Natalina da Silva Oliveira (PSB)


Deputado Estadual

Dieison Engroff (PSB)
Gisele Uequed (PSB)
Professor FiIlipe (PSB) 
Siana Spindler (PSB)
Vinicius Passarela (PSB)


quinta-feira, 31 de julho de 2014

Os Direitos Animais e o Bem-Estar Animal


Um dos grandes debates da atualidade ocorre entre os defensores dos Direitos Animais e os defensores do Bem-Estar Animal. A defesa dos Direitos Animais é um movimento abolicionista que prega a libertação de todas as espécies de animais, ou seja, tanto daquelas criadas para a alimentação humana ou para a experimentação científica/produção de fármacos, quanto daquelas criadas para companhia e entretenimento. Fundamenta-se na questão de que somos todos pertencentes ao reino animal (o que não deixa de ser verdade) e, portanto, não haveria sentido existir uma diferenciação entre Direitos Humanos e Direitos Animais. Outro aspecto argumentado é a capacidade que muitos animais têm de resolverem problemas (inteligência), de sofrerem ou de sentirem dor, prazer ou felicidade (senciência).  A própria ciência já comprovou muito destes casos (papagaios, corvos, porcos, lulas, polvos, cães, gatos, lagostas, bovinos, caranguejos, etc.), inclusive demonstrando que algumas espécies expressam autoconsciência diante de espelhos, como os primatas superiores (chimpanzés, gorilas, orangotangos), golfinhos e elefantes. Até mesmo a cultura não é exclusiva dos humanos. Animais como macacos e aves aprendem a usar diferentes ferramentas e transferem esse conhecimento entre gerações. Um dos pioneiros na linha dos Direitos Animais, o filósofo norte-americano Tom Regan (livro Jaulas Vazias), argumenta que como os direitos humanos estão alicerçados nas habilidades cognitivas, outras espécies também deveriam ter esse direito. Além disso, seria um dever moral dos humanos proteger animais “sujeitos-de-uma-vida” que têm valor intrínseco como indivíduos. Já o filósofo Peter Singer no seu livro Libertação Animal, de 1975, cunhou a expressão especismo, ou seja, a discriminação humana contra outras espécies. A Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Animais Humanos e Não Humanos, de 07 de julho de 2012, proposta por proeminentes neurocientistas daquela Universidade, afirma que “o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e as aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos, também possuem esses substratos neurológicos". Um dos grupos mais dedicados à defesa dos Direitos Animais são os veganos, com princípios filosóficos contra a exploração dos animais para alimentação, apropriação, trabalho, caça, vivissecção, confinamento, entretenimento, pesquisas, produção de fármacos, dentre outros.
Por outro lado, os defensores do bem-estar animal têm uma visão utilitarista dos animais. Eles perguntam: vamos simplesmente soltar todas as raças criadas pelo ser humano que são totalmente dependentes para sobreviverem? Vamos cancelar a produção de vacinas e deixar a saúde dos nossos filhos sujeitos a toda sorte? Vamos privar a nutrição humana de aminoácidos essenciais, de nutrientes como ferro, zinco, vitamina B12 e ácidos graxos ômega 3 presentes na carne. Além disso, como simplesmente abandonar a pecuária, atividade econômica que empregou 3 milhões de pessoas em 2010 e que no ano de 2013 representou 7% do PIB, sendo o Brasil o maior exportador mundial de carnes e o segundo maior produtor? Os utilitaristas também realçam os benefícios que os animais de companhia trazem tanto para a saúde mental do ser humano quanto para o próprio animal, numa relação de ganha-ganha. Para se ter uma ideia, o mercado pet brasileiro é o segundo maior do mundo e representou 0,31% do PIB nacional em 2013. Pesquisadores com a norte-americana Temple Grandin têm cada vez mais influência nos sistemas produtivos, introduzindo novas técnicas que melhoram a qualidade de vida dos animais de produção. É imperativo que os animais não passem por sofrimentos físicos ou psíquicos durante a sua vida, que tenham um acompanhamento constante para livrá-los de doenças e que sejam respeitados no momento da sua morte - natural ou para a alimentação humana. Técnicas de abate rápidas e dessensibilizadoras, como o pino retrátil pneumático, já existem e devem ser cada vez mais difundidas e utilizadas. No campo dos animais de companhia, a posse responsável já é uma bandeira dos profissionais que atuam na área. Os animais domésticos são importantes até mesmo na conservação de ecossistemas, como no caso do Bioma Pampa do Rio Grande do Sul, que por ser uma pastagem natural, ainda resiste à agricultura e à silvicultura graças à pecuária. Todas as universidades e muitos laboratórios privados contam com comissões de ética no uso de animais com princípios que promovem a redução, o refinamento e a substituição de animais em pesquisas e na produção de fármacos. A justiça está cada vez menos tolerante com os maus tratos de animais e a sociedade já não aceita mais o uso de animais em circos para o simples entretenimento ou em esportes como rodeios e vaquejadas.
Como podemos perceber, o tema, por si só, é polêmico. Profissionalmente, convivo diariamente com este dilema e sempre procuro um ponto de equilíbrio. Como médico, priorizo a vida e a saúde dos animais. Como veterinário, tenho responsabilidades na produção e na qualidade de produtos de origem animal. Minha formação básica é a conservação de animais ameaçados de extinção por meio de técnicas de reprodução assistida, principal motivação que me fez escolher esta carreira para defender a existência de outras espécies. Porém, seguindo uma linha de pensamento mais natural possível e baseando-me no conceito de cadeia trófica, defendo que nós animais humanos somos omnívoros e que por isso necessitamos de proteína animal na nossa dieta. Aliado a isso, existe a questão cultural. Por ser gaúcho, o ritual do churrasco e todo o seu aspecto de socialização está enraizado nos meus costumes. Mas nem por isso deixo de defender o consumo moderado de carne, o que me faz olhar com simpatia para iniciativas como a segunda-feira sem carne. Também defendo a criação de animais domésticos como companhia, pois essa interação desperta sentimentos primitivos que nos faz lembrar que também fazemos parte da natureza e que estamos integrados a ela, como na época dos lobos e dos homens de neandertal. Defendo ainda a redução de animais em laboratórios, usando-os somente nos casos em que realmente não haja possibilidade de substituição do modelo biológico, e a proibição de animais para o entretenimento em circos ou vaquejadas. Finalizando, acredito que todos nós temos o dever de cuidar e zelar pela saúde física e mental dos animais, pois como espécie dominante, somos responsáveis por todas as outras espécies deste planeta. Mas isso não me tira o direito de consumir carne ou de ter a companhia de outras espécies (domésticas), desde que seja de forma respeitosa com aquele ser vivo que nos dá amor, saúde ou nos alimenta com a sua própria vida.
Eduardo Antunes Dias é Médico Veterinário com mestrado e doutorado em Reprodução Animal na USP e atualmente é pesquisador na UFRGS.

É fundador da Rede Sustentabilidade - RS e componente do diretório estadual.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Conheça a Rede Sustentabilidade

       

           
         
                                    Conheça o Estatuto da Rede Sustentabilidade

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Rede Sustentabilidade RS oficializou coligação na convenção do PSB


O reconhecimento de Eduardo Campos a luta de Marina Silva na consolidação da Rede Sustentabilidade como partido político teve mais uma etapa importante neste final de semana ( 14/06 ) dia que se oficializou em congresso do PSB na Assembléia Legislativa em Porto Alegre a chapa onde constam integrantes da Rede RS na lista de candidatos que concorrem a deputados federais e estaduais. Além de aclamarem as candidaturas de Eduardo Campos a presidente e de Marina Silva vice se confirmaram as candidaturas de Sartori a governador, Cairoli vice e Albuquerque ao senado. A porta-voz Sônia Bernardes representou os integrantes da Rede Sustentabilidade RS no evento.